- Estabelecimentos de ensino teriam dificultado ou recusado a matrícula de criança com necessidade especial -
Caxias do Sul – Funcionários de três escolas privadas estão sendo investigados pelo Ministério Público por supostamente terem discriminado um menino cadeirante de quatro anos. O caso foi denunciado na segunda quinzena de fevereiro à promotora de Justiça Adriana Chesani, que determinou a abertura de inquérito por parte da Polícia Civil.
Os colégios Murialdo, São Carlos e São José Capivari teriam dificultado ou negado a matrícula na educação infantil porque o garoto se locomove com cadeira de rodas e necessita de atenção especial. A criança só foi aceita no La Salle Carmo. O drama da família começou no dia 2 de fevereiro, quando o menino esteve no Murialdo, em Ana Rech, para conhecer as instalações.
– Ficamos duas horas na escola. A princípio, estaria tudo certo. Precisávamos apenas aguardar uma resposta do novo diretor da escola, que estava por chegar. Para nossa surpresa, no dia 7, a psicóloga nos ligou informando que o novo diretor não aceitou meu sobrinho, alegando que não estariam preparados para recebê-lo – conta o tio da criança, ex-aluno do Murialdo.
Posteriormente, a mãe do garoto afirma ter procurado, por telefone, a Escola São José Capivari. Lá, uma funcionária teria dito que não havia espaço para a criança.
– Ela disse que não aceitaria porque meu filho ocuparia a vaga de cinco pessoas – relata a mãe.
A família tentou a matrícula no São Carlos, que teria exigido a presença de um familiar ou a contratação de um monitor para acompanhar o menino.
A mãe formalizou a denúncia apenas contra o Murialdo. Mas a promotora Adriana diz que os responsáveis pelos outros estabelecimentos serão chamados para explicar porque a criança não foi matriculada.
– Toda escola, privada ou pública, não pode negar ou dificultar a matrícula de uma criança deficiente. É a escola que deve se adaptar e não ao contrário – explica a promotora.
O que diz o presidente do Instituto Murialdo, padre Raimundo Pauletti:
– A mãe da criança não quis conversar. Pedimos apenas que ela postergasse a matrícula pois a criança passará por uma cirurgia em março. A criança poderia entrar na escola mais adiante. Sugerimos que a mãe procurasse outras escolas nesse meio tempo. Não discriminamos ninguém, inclusive, já tivemos alunos cadeirantes.
O que diz a coordenadora pedagógica do Colégio São Carlos, Jaqueline Bampi:
– Não recusamos a matrícula. Apenas ressaltamos que a escola não tem acessos para algumas áreas da educação infantil como parque e ginásio. Não fizemos diferenciação, até porque temos alunos com necessidades especiais aqui. Não há problema em aceitar o aluno, mas precisamos de alguém da família para acompanhá-lo. A professora não tem como cuidar dele e das outras crianças ao mesmo tempo. Hoje, nós não temos funcionários para isso.O Pioneiro não conseguiu contatar a direção da Escola São José Capivari.
Fonte: Pioneiro - Geral - página 17
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